quarta-feira, 18 de junho de 2014

Bom dia, Camaradas - Ondjaki

 
Ondjaki nos traz um convincente relato desses fundamentais anos de mudanças e esperanças. Não mais a visão desamparada e repleta de culpas de alguns escritores portugueses - os tugas - que participaram da guerra colonial, nem também a visão militante dos escritores angolanos dos tempos heróicos de Agostinho Neto, mas a visão realista e pragmática de uma classe média que tenta se erguer em meio ao caos. O menino, filho de um alto funcionário do governo, tem um pajem - o camarada António, cozinheiro e voz de uma certa camada popular -, estuda numa boa escola, que tem professores cubanos, e desfruta de algumas benesses, como pegar boleia (carona) no carro do Ministério e contar com telefone e geleira (geladeira) em casa